As palavras Encantadas dos Hupd’äh da Amazônia – Mestre de Saberes Narrados por Renato Athias

Brésil : As palavras Encantadas dos Hupd’äh da Amazônia – Mestre de Saberes Narrados por Renato Athias, France, Brazil (2020, 52’) 

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Diretora Mina Rad

Edição: Isabel Castro

Produtora: World Cultural Diversity

Sinopse: “Humanidade é natureza” é o que o Hupd’äh pensam. Na cosmologia desse povo, uma das duzentas e dez etnias do Brasil, não há separação entre a natureza mineral, vegetal, animal e humana. A música e a palavra têm um poder transformador, muitas vezes incompreensível para nós. O filme foi produzido a partir do acervo etnográfico do antropólogo Renato Athias, com textos, filmagens, fotografias e músicas coletadas na década de 1980, atualmente digitalizadas no Arquivo Linguístico dos Povos Indígenas da América Latina (AILLA) da Universidade do Texas. O filme dá voz aos chefes de clãns Hupd’äh: Bihit, Casimiro e Mehtiw (in Memoriam). O filme oferece novas maneiras de refletir sobre a relação entre humanos e não humanos.

Convite – Contamos com a sua presença.
« « As palavras Encantadas dos Hupd’äh da Amazônia – Mestre de Saberes Narrados por Renato Athias » WCD, France, Brazil (2020, 52’) » está no 10 Festival Internacional do Filme do Etnográfico do Recife. Assista o filme on-line e venha participar da Live: « Debatendo Filmes de Memórias Etnográficas » de 11:00h às 12: 30, na terça feira dia 27 de abril. Se increva na live inscricao@filmedorecife.com.br
Veja aqui os outros filmes da Mostra:
“Narrativas da Memória e Restituição de Arquivos Etnográficos”


https://sites.ufpe.br/filmedorecife/narrativas-da-memoria-e-restituicao-de-arquivos-etnograficos/

Hebe Mattos (Historienne, UFJF/UFF, Brésil) :

O filme é muito interessante e bom de assistir. Gostei especialmente do encadeamento dos três olhares que o filme reúne: o da realizadora leiga que se encanta por um universo que lhe é distante; o do relato do antropólogo fonte de sua experiência de campo, feito em francês para ela ; e o do filme/registro etnográfico feito em loco propriamente dito. Parabéns pelo filme!Hebe Mattos (Historienne, UFJF/UFF, Brésil)

Prof. Dr. Felipe Bruno Martins Fernandes( Brésil ) : 

Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação (GIRA)/ Bacharelado de Estudos em Gênero e Diversidade (BEGD)..

Oi Renato, assisti todo o filme Les Mots Enchantes da cineasta Mina Rad. O filme trata da cosmologia Hupdah através de imagens de filme, fotografias e conversas com o antropólogo Renato Athias, da UFPE, configurando-se, dessa forma, como uma linda homenagem a um homem que dedicou mais de 50 anos de estudos e militância à esse povo. Logo no início, e também no final, a diretora, de origem persa, atesta o encontro intercultural entre as epistemologias/ontologias (cosmologias?) dos persas e aquela que buscava compreender dos Hupdah, afirmando ambas milenares e assentadas em uma filosofia do ambiente centrada na valorização dos elementos essenciais à vida. O enredo se desenrola em conversas com o antropólogo que, no Brasil, apresenta a região do Alto Rio Negro, particularmente num encontro entre-rios, onde estão as 35 vilas desse povo. Após esse momento, quem assiste é levado a um jardim na França, onde ocorre a conversa em que Renato retoma os três mestres de seu pensamento, posição que lhes foi conferida pelo antropólogo por terem ensinado a base do que sabe sobre aquele povo. Nesse momento no jardim francês, categorias desse povo, como o significado do nome do povo – gente – e como o próprio Renato é chamado por eles – espuma do rio – são apresentadas em entremeio com situações ritualisticas da vida Hupdah. O fio da conversa é a apresentação dos três mestres – Bihit, Mehtiu e Casimiro e como foram importantes para Renato mas, além disso, através da relação entre o antropólogo e cada um dos mestres, adentramos mais profundamente no modo de vida Hupdah. A cena mais forte do filme, descrita por Renato, é a da morte de seu mestre em 1994. O encontro entre a vontade de Renato em oferecer ajuda e a preparação do rito funerário do especialista que estava morrendo (com a sua participação) é evidente. A cena me levou às lágrimas. O filme é, portanto, uma excelente contribuição audiovisual para o campo da etnografia, retomando através da trajetória de um dos mais importantes etnólogos engajados brasileiros a necessidade de se defender a memória de povos que, como vemos na conclusão do filme, estão em processo de transformação, nesse caso, pelo impacto de missionários neopentecostais na região.